Velha a história da garota a perguntar à tia o que eram engenheiros, a tia a responder:
- São doutores, minha filha!
Para a minha avó materna, doutor da mula ruça era todo aquele que se armava aos cucos, que falava de coisas que não sabia, mas que intentava dar a conhecer que sabia, em suma: um charlatão.
A muita gentalha que por aí anda, mais do que a vã imaginação pode alcançar, chamaria ela, doutores da mula ruça.
Portugal é o 2º país da Europa com mais doutorados, só a Suécia fica à frente no esse número.
Lembrança do professor Falcão Machado, no velho Gil Vicente, a dizer-nos, quase gritadinho, que quem estuda não guarda cabras e não é preciso irem todos para doutores, porque são necessários carpinteiros, trolhas, torneiros e há ruas para lavar, passeios para calcetar, campos para cultivar.
Lembrança ainda de um texto de Eduardo Pitta em “Da Literatura”:
“Dois milhões de portugueses (se calhar mais) exigem tratamento de doutor. A bacoquice leva um século de prática. Os licenciados em engenharia e arquitectura têm, desde sempre, direito a tratamento diferenciado: são engenheiros e arquitectos. Para o caso, é irrelevante estarem inscritos nas Ordens respectivas. Agora (a coisa terá talvez dois anos) os licenciados em história também são historiadores. E nas repartições do Estado qualquer licenciado em direito sem estágio de advocacia apresenta-se como jurista. Os de economia são todos economistas, mesmo que sejam escriturários numa autarquia.”
A imagem remete para uma recente 1ª página desse pasquim que dá pelo nome de “O Diabo”
“Doutores para nada!”
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