quarta-feira, 30 de abril de 2014

QUE PARVA QUE EU SOU!


Porque há sempre alguém que semeia canções no vento que passa ou porque o poeta Raul de Carvalho escreveu que o canto é o meu pão, por aqui foram ficando algumas canções de luta.
Hoje, que se fecham os taipais de evocações dum certo nosso tempo, procurou-se uma canção que, de algum modo, trouxesse uma imagem do que são os dias que hoje atravessamos.
A pesquisa não foi tarefa fácil mas a escolha recaiu  fez recair a escolha nesta canção dos Deolinda:

Sou da geração sem remuneração
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Que para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'casinha dos pais',
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração 'vou queixar-me para quê?'
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
.

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