domingo, 6 de julho de 2014

NOTÍCIAS DO CIRCO


A triste novela de um grupo económico que vive, claramente, muito acima das suas possibilidades tem revelado muitos aspetos semiescondidos da nossa comunidade e algumas das razões do nosso atávico atraso.
O episódio que envolve o Grupo Espírito Santo e a PT é absolutamente exemplar. Nele, a empresa de telecomunicações empresta dinheiro a uma companhia propriedade de um seu acionista ou, com resultados idênticos, investe, a curtíssimo prazo, num conglomerado de empresas com interesses na agropecuária, turismo e afins.
A simples enunciação do negócio - um empréstimo direto ou indireto a um acionista - já é, para usar simpatiquíssimas palavras, de um comportamento ético-empresarial muito duvidoso. Juntemos agora o facto de a PT ter aplicado um montante, 897 milhões de euros, que está muito próximo de metade da sua capitalização bolsista e que representa aproximadamente os seus lucros de três anos, numa única empresa... Espantosamente, uma decisão desta importância é tomada sem ir a discussão no conselho de administração e, mais tarde, é dito que seria uma medida de gestão corrente. Agora, recordemos ser do conhecimento geral que a empresa onde a PT colocou o dinheiro, a Rio- forte, está, para todos os efeitos, praticamente falida - aliás, pelas últimas notícias, a PT já se está a preparar para o calote.


Pedro Marques Lopes no Diário de Notícias de hoje.

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