quinta-feira, 13 de maio de 2021

OLHAR AS CAPAS


Certas Mulheres

Erskine Caldwell

Tradução: Fernando de Morais

Colecção Livro de Bolso nº 2

Portugália Editora, Lisboa s/d

Ao olhar pela janela do comboio, que abrandava a marcha para atravessar as ruas e depois entrar na estação, Clementina Bradley via o verde tenro da Primavera que cobria as colinas íngremes, e as sombras da tarde espraiando-se pelos prados; parecia-lhe que quase conseguia ouvir o marulhar da água nos riachos que corriam céleres, pelos desfiladeiros dos planaltos. Camadas de fumo de lenha queimada, cinzentas e ténues, pairavam sobre as cabanas espalhadas na vertente da montanha, em cujo cimo, aqui e ali, ainda se viam pequenas manchas de neve. Mas o céu estava azul e brilhante, percorrido pelos tufos densos de nuvens brancas que deslizavam sobre a cumeeira em direcção ao norte.

2 comentários:

Seve disse...

Excelente, este livro de pequenas (e tristes) histórias de mulheres.

Erskine Caldwell é dos melhores autores americanos que escreveu sobre a miséria e a degradação do homem do Sul (da América do Norte), negro ou branco.

Creio que este escritor deverá ter estado em Portugal pois possuo um livro (O PREGADOR) - muito bom - assinado por ele e datado (8/10/59).
Oferta especial de um especial amigo.

Sammy, o paquete disse...

Um enorme escritor. O silêncio, a desesperança, a desumanidade, são peças de toque da escrita de Caldwell. Referência expressa ao excelente «A Estrada do Tabaco» de que John Ford fez um belo filme se bem que fugindo um tanto ou quanto ao livro.
Se Erskine Caldwell passou por Portugal não tenho memória. Se isso aconteceu, fico muito mal no retrato.