terça-feira, 4 de maio de 2021

FOLHAS DE RELVA

De bolsos vazios

e alma cheia,

sapatos na lama,

mas, um pormenor:

o falcão em mim

pelos ares me leva.

 

Silêncio e solidão

se instalaram nesta

casa. Assim sendo,

só mais um pormenor:

são na subida os ares

tão frios quão na queda.

 

Doravante nenhum

golpe de sorte,

cuidarei eu das plantas.

Doravante, a estrada

estreita, as raízes

se tornam aéreas.

 

O gato terá seu pires

de leite e a serradura

mudada... Ou não:

serei eu inútil

no sonho-fantasma

em cadeira de baloiço.

 

Não te rales,

camarada, te dou

minha mão,

seguiremos juntos

por todo o tempo

que vivermos.

 

Mesmo nada sabendo

do voo ou dos ventos

comigo te levo

camarada, e juntos

bateremos sola:

ofício de treva.

 

Dinamicamente

resolveremos o dilema

e o paradoxo

da noite perene;

que seja essa

a nossa leveza.

 

Dinamicamente,

por sobre 

o arame

farpado,

passaremos

nosso labor.

 

Paulo da Costa Domingos em Versos Abrasileirados