sexta-feira, 29 de junho de 2018

OLHAR AS CAPAS


Versos Abrasileirados

Paulo da Costa Domingos
Capa e ilustrações: Bárbara Assis Pacheco
&etc, Lisboa, Novembro de 2012

Alexandre O’Neill – Fernando Assis Pacheco – Carlos Drummond de Andrade, Ida e Volta

Minha amiga, seu leite
está todo à mostra
derramado pela montra;
até seus dentes de marfim
parecem teclas de um piano
que, por racismo, houvesse
expulso as pretas. E mais
lhe digo: mesmo míope
já se vê que você é
porto franco do cocuruto à
unha do pé. Consigo,
nem vale a pena escandir sílaba:
vamos lá pela respiração;
que a limpeza desse estendal
derreia qualquer asmático… e
o que não sofrerão cardíacos!

Quanto a música, os homens
que passam, ante uma pauta assim,
apreciadores do spread das notas,
não há quem a veja que não
tocasse, dizem eles, com certeza
dez oitavas bem medidas.
A duas mãos. Porque no improvisos,
afinal as pretas se refugiaram todas
bem do centro do seu jardim.
Mulheres então não perdem
pela demora é um ver se t’avias,
púcaro a púcaro, bilha a bilha,
num coro de partir loiça.

Se eu tivesse alguma fé supersticiosa,
benzer-me-ia entre murmúrios
de; Meu Deus, que puta!

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