O Mistério da Arca de Noé
Ellery Queen
Tradução: Elisa Lopes
Ribeiro
Capa: Cândido Costa
Pinto
Colecção Vampiro nº
80
Livros do brasil,
Lisboa s/d
Enterrado numa poltrona de couro, diante da janela, com os pés calçando
huarachos, as alpercatas mexicanas, cruzados
em cima da máquina de escrever, e um grande copo de rum gelado na mão, Ellery
matutava no cadáver. Para ele, era como se ela estivesse viva, estendida a seus
pés. Examinava os sintomas da vida, entre dois goles, e não encontrava a chave
do enigma. Oh! Estavam ainda no princípio de uma investigação, que prometia
sair do vulgar, e o rum ajudava.
Caso curiosos! A morta ainda estremecia. Já em Nova Iorque, Ellery fora
prevenido dessa ilusão criada pelos reflexos resultantes de uma morte violenta.
«Parece impossível, tinham acrescentado, mas o corpo já entrou em decomposição,
e qualquer pessoa capaz de distinguir uma camélia de um cardo, pode verificar o
facto.» A vítima, que Ellery conhecera na flor da idade, era uma criatura formosa
e saudável, cobiça de todo os homens, objecto folgazão de desejos e maldições…
Como aceitar a ideia de que semelhante vitalidade for bruscamente abatida?
Sim, no local do crime – por coma, exactamente, porque o pavilhão que ele alugara parecia um ninho alcandorado na árvore mais alta das colinas próximas – Ellery duvidava ainda. A bela moça jazia ali, sob uma fina camada de bruma; estremecia ligeiramente e diziam que estava morta.
Sim, no local do crime – por coma, exactamente, porque o pavilhão que ele alugara parecia um ninho alcandorado na árvore mais alta das colinas próximas – Ellery duvidava ainda. A bela moça jazia ali, sob uma fina camada de bruma; estremecia ligeiramente e diziam que estava morta.
Hollywood, terra de ilusões,
Assassinada, concluía o relatório da autópsia, transmitido pela
televisão.
Sob um céu levemente azulado pelos grandes calores, a colina verdejante
e florida descia até à cidade que resplandecia ao sol. Que dia radioso! Muito à
vontade no seu trajo de Adão no Paraísos terrestre, Ellery saboreava o rum e
contemplava o panorama.
Sem comentários:
Enviar um comentário