Bate a noite as asas contra o poente
e tinge de escuridão as águas côncavas
que vêm dormir nos poços de silêncio
abertos sobre o mar
enquanto a risca do sol
lança uma ponte de luz
até às distâncias oceânicas
onde o dia vai alto.
Parte destas penedias um aceno
de quem viu nascer Vénus das ondas,
vogar o carro de Neptuno,
Hércules abrir a pulso o caminho a Colombo.
Um aceno distante.
Até vós, dominadores efémeros
de napalme, jazz e plástico,
coisas de que ninguém se lembrará
daqui a três mil anos.
Nem dos mortos
que jamais ressuscitarão.
João José Cochofel em
46º Aniversário
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