O Caso da Sobrinha do Sonâmbulo
Erle Stanley Gardner
Tradução: Afrânio
Zucoloto
Capa: Cândido Costa
Pinto
Colecção Vampiro nº
46
Perry Mason passeava de um lado para o outro da sala, com os polegares
na cava do colete, e atesta enrugada.
- Você disse às duas horas, Jackson? – perguntou ao seu adjunto.
. Sim senhor, e recomendei-lhe que estivesse preparada.
Mason consultou o relógio de pulso.
- Quinze minutos atrasada – exclamou irritado.
Della Street, a secretária, perguntou: - Por que não se recusa a recebê-la?
- Porque quero vê-la. Um
advogado tem que tratar de uma série de crimes sem interesse para conseguir
algo sensacional. Este caso é singular. Quero estudá-lo
- Poderá haver um crime desinteressante? – perguntou Jackson
- Depois de você ter conhecido tantos… - respondeu Mason. – Os mortos
são sempre desinteressantes. São os vivos que interessam.
Observando Mason com solicitude, Della Street observou: - Este não é
bem um crime… ainda.
- Mas é igualmente fascinante – ajuntou Mason. – Não gosto de ser
chamado depois dos factos se cristalizarem. Gosto de tratar com os antecedentes
e com os ódios. O crime é a culminação do ódio, da mesma forma que o casamento
é a culminação do amor. E afinal de contas, o ódio é mais poderoso que o amor.
- mais interessante? – perguntou ela, observando-o zombeteiramente.
Sem responder, ele recomeçou o passeio pela sala.
- Naturalmente – observou no tom maquinal de quem pensa alto – o que se
deve fazer é impedir o crime, quando ele está iminente. Mas, com o meu
tirocínio profissional, não posso deixar de imaginar como seria pasmoso o caso
de um sonâmbulo que realmente matasse um homem, ignorando tudo o que fez. Não haveria
nem malícia, nem premeditação.
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