A crítica recebeu bem os Poemas Póstumos, com louvores, e ninguém se
preocupou que fossem póstumos. Uma gracinha do autor. Somente Agustina Bessa
Luís, em editorial do Primeiro de janeiro, ao referir-se a uma “bola de sabão
que se confunde com o mundo colorido”, acrescenta: “o tal nas mãos de uma
criança, como dizia António Gedeão, que deus guarde.” (7.XII.86). Não sei qual
teria sido a razão destas palavras mas talvez que quem as escreveu as tomasse à
letra porque, pouco mais de quinze dias decorridos. Agustina faz, no mesmo
jornal, a crítica aos Poemas Póstumos que já tinham saído há três anos, em
1983, o que é estranho. Talvez que, ao dar-me por morto, alguém que estava vivo
e que a senhora, a modo de desculpa, falasse de mim com mais demora. Ou então, o
que será mais certo, como lhe mandei pelo correio, um exemplar dos Poemas
Póstumos após o seu “que Deus guarde”, ela se entretivesse a folheá-lo e o
considerasse digno de redigir algumas palavras a seu respeito. Também é verdade
que não me não me agradeceu o livro mas leu-o e gostou, principalmente o “Poema
do cão ao entardecer” a propósito do qual dizia que há quem afirme que um poema
nunca deve ser bom de mais. Aquele parece que o era. Desculpará.
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