terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

MÚSICA PELA MANHÃ

Sempre considerou os preços dos bilhetes dos concertos uma exorbitância.

Também nunca se habituou a ouvir música com gente ao lado que, por tudo e por nada, desata numa gritaria que ultrapassa largamente o limiar da histeria.

Chegou a pensar que grande parte dessa gente vai a concertos não por causa dos artistas, por causa da música, mas por algo que, necessariamente, nada tem a ver com os artistas e música.

Como tem vagos problemas de surdez, todo aquele chinfrim de berros e assobios, causa-lhe algum incómodo.

Mas os filhos encostaram-no à parede, compraram bilhete e seria basto ordinário se recusasse ir ver os Dire Staits a Alvalade.

Mark Knopfler e a sua banda andavam desde 1991 em tournée mundial que terminaria em 1993.

Pouco tempo faltava para que Mark Knopfler dissesse, aos restantes companheiros, que já estava um pouco farto daquela vida, que se queria dedicar, de alma e coração, a fazer bandas sonoras e outros projectos. Com serenidade fecharam os taipais em 1995 mas, como tantos outros, talvez se voltem a reunir.

Fizeram o trabalhinho com competência mas nada de entusiasmante. Dois ou três “encores”, o inevitável “Local Hero”, e foram-se ao resto da vidinha que, dizem, são dois dias.

Sentiu-se um tanto ou quanto defraudado. Acresce que a noite era uma daquelas que a Primavera lisboeta, por vezes, tem: sufocantes. E os bares do velho Estádio de Alvalade vendiam a cerveja quente. E se há coisa que o deixa mesmo fora de si, a perder por completo as estribeiras, é darem-lhe cerveja quente.

Arranjou mais uma razão para não gostar de ir a concertos.

Os amigos consideram-no um chato!...


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