Corpo e Alma
Cardoso Martha
Carta de
prefácio de Eugénio de Castro
Capa: José de
Lemos
Edição do Autor,
Figueira da Foz, Setembro de 1957
A Cesário Verde
(No centenário
do seu nascimento)
Cesário
descia o Chiado, quando
um poetastro
lhe gritou da porta da
Havaneza:
Adeus, Cesário Azul!
Retruca-lhe o poeta:
Adeus,
seu troca-tintas!
Cesário Verde amigo, meu Cesário,
fazes cem anos este mês, e eu digo
que os fazes, porque és vivo, e não consigo
crer no que os outros digam em contrário.
Festejarei contigo o centenário;
Dá cá o braço e vem daí comigo
através dos pomares, vinhas e trigo
- o teu encanto neste mundo vário.
Esquece os vates de melena ao vento,
que já não há, como em teu tempo havia
-«verde-azuis» do Chiado turbulento…
São piores os de agora – quem diria! –
os que mudam o
rumo ao sentimento
e os que trocam as tintas da poesia.
Lisboa –
Fevereiro de 1955
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