quinta-feira, 15 de abril de 2010

E ALEGRE SE FEZ TRISTE

ORFEU STAT 010

Arranjos: José Calvário, José Niza, Rui Ressurreição, Thilo Krasman
Orquestra sob direcção de José Calvário
Capa: Silva e Castro
Produção José Niza
Editado em Novembro de 1971

Lado 1
Emigração - Curros Henriquez
E Alegre se Fez Triste - Manuel Alegre
O Senhor Morgado - Conde de Monsaraz
Cana Verde - Fernando Miguel Bernardes
A Vila de Alvito - Raul de Carvalho

Lado 2
Canção Tão Simples - Manuel Alegre
Cantiga de Amigo - Luís de Andrade
Para Rosalia - Curros Henriquez
Roseira Brava - António Ferreira Guedes
História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro - António Aleixo

Manuel Alegre disse de Adriano que era “o mais corajoso dos cantores do seu tempo”, Fernando Assis Pacheco que “era um puto giríssimo”, no dizer de Urbano Tavares Rodrigues “alguma coisa de criança".

Desiludiu-se, desiludiram-no.

Há um livro do Elio Vottorini: “Consideram-se mortos e morrem.”

Adriano escolheu morrer.


Outubro de 1982. 

Chovia em Avintes e alguém o viu partir de viola ao ombro.

“Estava farto, fatigado, desiludido, amargurado, desesperado. Estava doente, sem dinheiro, semiesquecido, ele que sempre esteve em todas: ele que sempre generosamente, esteve presente onde a sua presença era mais do que necessária: indispensável.”, escreveu Baptista-Bastos
A saudade é um luto.

"E Alegre Se Fez Triste"

Aquela clara madrugada
Que viu lágrimas correrem no teu rosto
E alegre se fez triste como
Chuva que viesse em pleno Agosto.

Ela só viu meus dedos nos teus dedos
Meu nome no teu nome.
E demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos

Que em silêncio dissemos separados.
A clara madrugada em que parti
Só ela viu teu rosto olhando a estrada

Por onde um automóvel se afastava.
E viu que a pátria estava toda em ti
E ouviu dizer adeus, essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada."




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