Quando me ponho a conversar comigo, gosto de murmurar que poucas coisas existirão que me possam (ainda) causar surpresas.
Tudo tretas por que, como é óbvio, o mundo pula e avança, e o mais que há são acontecimentos para espanto, que nos causam ora alegrias, ora tristezas.
Tendo ontem andado a lagartar por sítios onde não quero saber de jornais, rádio, televisão, apenas o silêncio, tive a grata surpresa de, ao chegar a casa pela noite, encontrar um e-mail do Miguel Alves, enviado de Washington DC, a dar-me conta da atribuição do Prémio Príncipe das Astúrias ao Leonard Cohen.
Complemente surpreendido, longe, muito longe mesmo, de pensar numa atribuição destas.
Quem me conhece sabe o quanto este rapazinho de quase 77 anos, é muito cá de casa.
Meu velho, meu genial Cohen, quanta alegria por aqui vai.
Volta e meia contas milongas, que não sei quê, depois de teres fumado não sei quantos milhares de cigarros, não tens confiança na voz, que só arriscas entradas em palco porque tens dívidas para pagar mas acontecem porque são acompanhado por aquela quantidade certa de vinho tinto, e que permite aquele teu surrar, que faz milagres e encantamentos
Por hoje não ponho mais no papel.
Até porque Juddy Collins já se aproxima para te dizer ao ouvido, como só ela sabe:
God bless Leonard Cohen and his music.
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