domingo, 30 de agosto de 2015

INDIGNAÇÃO


O Fernando Assis Pacheco dizia que a indignação é um signo diário.

O direito que temos à indignação.

Também contra nós próprios.

É o que me traz aqui.

Estou furiosamente indignado comigo.

Eu conto.

A páginas 32 das Crónias: Imagens Proféticas e Outras do João Bénard da Costa, leio:

Dez anos antes, nunca deitei o meu filho mais velho sem que ele ouvisse, antes de ir para o escuro, o Canon vocal Bona Nox K. 561 de 1788. Tão magicamente simples (ou tão magicamente completo) provocava, nele como em mim, essa mesma serenidade que o tão esquecido Raul de Carvalho invocou num dos mais belos poemas da língua portuguesa.

Vem Serenidade é um lindíssimo poema que Mário Viegas diz, como só Mário Viegas podia dizer.

Ninguém mais.

Sim, dos mais belos da literatura portuguesa.

O que me indigna, é que Raul de Carvalho nas etiquetas deste blogue, apenas tem uns textos avulsos e nem um Olhar as Capas.

Eu sei que é vasta a lista de livros e autores a aguardar vez, mas Raul de Carvalho nestes já cinco anos e alguns meses de Cais, ainda não ter aparecido nas etiquetas das capas, é lamentável.

Não me perdoo.

Como se já não bastasse todo o silêncio, em vida e depois da morte, com que o Raul de Carvalho (sobre)viveu, teria que acontecer o meu.

E logo com um poeta de que tanto gosto.

Estas coisas são possíveis mas são tristes, lamentáveis.

No momento, em que vou rectificar a falha grave, fica sempre um amargo que me deixa para lá de não sei bem o quê.

Vem Serenidade é um longo poema de uma beleza extraordinária, 12, 53 minutos no dizer de Mário Viegas, que podem encontrar no You Tube e que não poderão perder.

Para atenuar – não é possível!, digo-vos - o esquecimento em que envolvi Raul de Carvalho, deixo-vos com o Bona Nox de Mozart, de que fala o João Bénard da Costa.

Boa noite.

Legenda: pintura de Leonid Afrenov

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