Frei Bento Domingues em entrevista ao Diário de Notícias:
«Não me recordo bem porque foi um baralhanço total. O
que aconteceu para mim de surpreendente foi o 1.º de Maio, foi uma experiência
má. Pensava: isto é um país de revolucionários, de repente! Um dos meus ofícios
era ajudar pessoas a sair do país, e era uma trabalheira porque eram raros os
que se comprometiam. De repente estava tudo na rua. Aqui há batota, pensei.»
Maria Eugénia Varela Gomes em Contra Ventos e Marés:
«Quer dizer: no 1º de Maio juntou-se tudo: os que tinham perdido o medo, os que eram fascistas e queriam desaparecer ou disfarçar... veio tudo para a rua e as motivações eram, evidentemente, as mais diversas. Uma coisa era certa, se aquela multidão de gente fosse mesmo antifascista, todos eles, o regime já tinha caído há muito tempo.»
«Quer dizer: no 1º de Maio juntou-se tudo: os que tinham perdido o medo, os que eram fascistas e queriam desaparecer ou disfarçar... veio tudo para a rua e as motivações eram, evidentemente, as mais diversas. Uma coisa era certa, se aquela multidão de gente fosse mesmo antifascista, todos eles, o regime já tinha caído há muito tempo.»
Sacuntala de Miranda
no seu livro Memórias de Um Peão nos
Combates pela Liberdade:
«Num estado enorme de exaltação, participei na grandiosa marcha do 1º
de Maio, procurando em vão ver caras conhecidas e perguntei-me mil vezes como
era possível que tanta gente viesse para a rua vitoriar o fim do regime, quando
éramos tão poucos os que tinham lutado contra ditadura.»
Éramos tão poucos…
E como revelam estes
velhos recortes, pegados ao acaso, era assim que lutávamos, poucos mas bons, dizia
o Helder.
E corríamos à frente
da polícia, levávamos porrada, pontapés e cacetadas, mangueiradas de tinta
azul, uns presos, estudos interrompidis, profissões perdidas ou prejudicadas,
alguns, lembrando Jorge de Sena, não chegaram a ver a cor da liberdade.
Em todos os primeiros
de Maio da ditadura. José Gomes Ferreira saía à rua com uma gravata vermelha,
percorria as ruas da cidade gritando em silêncio, sabedor-sonhador que um dia,
esse grito seria mesmo um ENORME GRITO.
Época, 1 de Maio de 1973Diário Popular, 2 de Maio de 1973
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