sábado, 5 de maio de 2018

ETECETERA


Em 2018, passam 20 anos sobre a atribuição a José Saramago do Prémio Nobel da Literatura.

Maria do Rosário Pedreira lembra no seu blogue Horas Extraordinárias:

«Há uns anos, pediam aos membros do P.E.N. uma sugestão de um autor português que devesse ser candidato ao Prémio Nobel, e o nome do escritor que colhesse mais «votos» era depois encaminhado para o P.E.N. Internacional que, suponho, teria voto na matéria e poderia propor nomeações. Eu puxei sempre a brasa à minha sardinha (de poeta) e indiquei, enquanto foi viva, Sophia de Mello Breyner e, depois, embora soubesse que provavelmente o recusaria, Herberto.»

Miguel Torga será o escritor português que mais vezes foi, pelos seus pares, indicado para o Prémio Nobel da Literatura.

Passou despercebida a notícia de que a Academia Sueca pediu formalmente à Academia das Ciências de Lisboa a indicação de um candidato ao próximo Prémio Nobel da Literatura:

«Em nome da Academia Sueca temos a honra de vos convidar a nomear, por escrito, um candidato (ou candidatos) ao Prémio Nobel da Literatura para o ano de 2018.

Os membros da Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa indicaram os nomes de Manuel Alegre, o mais votado, e Agustina Bessa-Luís.

Provavelmente, António Lobo Antunes, o eterno candidato português, não terá apreciado o gesto dos membros da Academia.

Mas tudo foi em vão.

Soube-se, hoje, que este ano não haverá Nobel da Literatura.

A Academia Sueca ficou sem quórum depois da última demissão e, por esse motivo, o prémio não pode ser atribuído. O impasse resulta do facto de, embora demissionários, os membros da Academia não poderem ser substituídos enquanto forem vivos.

Tudo começou em Novembro do ano passado, com o escândalo que envolve o fotógrafo Jean-Claude Arnault, marido da poeta Katarina Frostenson, um dos membros mais proeminentes da Academia: Arnault é acusado de assédio sexual por dezoito mulheres, mas, indiferente à controvérsia, Katarina Frostenson só se demitiu há poucas semanas.

Trata-se da primeira vez que, em tempo de paz, o prémio não é atribuído.

O Nobel da Literatura foi, tal como os das restantes categorias, sete vezes não atribuído durante as guerras mundiais do século passado mas nunca por outros motivos.

Questionado pelo Diário de Notícias pela não atribuição do Nobel da Literatura, António Lobo Antunes reagiu assim:

 «O assunto Nobel não me interessa.»

A PROCISÃO AINDA NÃO SAÍU DO ADRO

Depois das declarações de António Costa, Carlos César, Fernando Medina, António Arnaut e João Galamba, proferidas nas últimas horas, José Sócrates abandonou o Partido Socialista.

Em artigo, publicado no Jornal de Notícias esclarece:

«Durante quatro anos suportei todos os abusos: a encenação televisiva da detenção para interrogatório; a prisão para investigar; os prazos de inquérito violados sucessivamente como se estes não representassem um direito subjetivo que não está à disposição do Estado; a campanha de difamação urdida pelas próprias autoridades com sistemáticas violações do segredo de justiça; o juiz expondo na televisão a sua parcialidade com alusões velhacas; a divulgação na televisão de interrogatórios judiciais com a cumplicidade dos responsáveis do inquérito.
Na verdade, durante estes quatro anos não ouvi por parte da Direcção do PS uma palavra de condenação destes abusos, mas sou agora forçado a ouvir o que não posso deixar de interpretar como uma espécie de condenação sem julgamento.» 

O primeiro-ministro António Costa mostrou-se surpreendido porque «não há qualquer tipo de mudança da posição da direção do PS sobre aquilo que escrupulosamente temos dito desde o início: separação entre aquilo que é da justiça e aquilo que é da política.»

Mas respeita a decisão de José Sócrates.

A FECHAR

«Ordinariamente, todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações, e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal  são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?»

Eça de Queiroz no Distrito de Évora em 1917

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