domingo, 6 de maio de 2018

DE EXISTÊNCIA MATERIAL...


Carta de António José saraiva, datada de 4 de Outubro de 1964, para Óscar Lopes:

Façamos contas. A organização das massas em Portugal não pode ir muito mais longe do que já foi. O PC tem limites que em situações normais não pode transpor. Cada vez que vai além de certo limite, encontra-se com uma contra-ofensiva policial que o obriga a recuar. Por isso não acredito que um movimento de massas por si só derrube o regime. A situação económica não é brilhante, mas também não é extremamente grave, e nenhum governo em guerra deixou de a fazer por falta de meios financeiros. O golpe de generais também não é solução, porque manteria o fascismo, mesmo que mudasse a fórmula (v. Grécia9.
Só resta uma solução: é criar um poder com meios físicos para fazer face ao poder governamental e dar ao povo o sentimento de uma força mesmo física. Esse poder só pode ser armado. Por outras palavras: é preciso alterar a situação de facto, saindo fora do jogo do fascismo. O problema não é só um problema de consciência ou de ideologia, o problema é de facto, de existência material. (não sei se me faço perceber).
Fora disto o satatus quo manter-se-á por tempo indefinido. Vamos a caminho dos 40 anos de regime! Quarenta anos de «vitórias» nossas, segundo pretende a imprensa clandestina da oposição!

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