domingo, 5 de março de 2023

O FECHAR DOS TAIPAIS


 Tendo de começar por qualquer lado, há que dizer que a conferência de imprensa concedida, na sexta-feira, pela Conferência Episcopal Portuguesa, para falar dos crimes cometidos pelos padres, foi simplesmente miserável, um nojo que nos coloca no limiar do vómito.

«Não podemos delegar responsabilidades e ficar à espera que a Igreja resolva sozinha os desmandos. Seria tornarmo-nos cúmplices desta vergonha»

 Pedro Norton no Público.

Hoje, o Cardeal Patriarca de Lisboa retira todas as dúvidas sobre o que a igreja portuguesa vai fazer aos padres criminosos: NADA!

A notícia é retirada do Público:

«O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, afastou este domingo a suspensão de alegados padres abusadores de menores sem que haja "factos comprovados, sujeitos a contraditório" e um processo canónico feito pela Santa Sé. Em declarações à RTP, SIC e Rádio Renascença após a procissão do Senhor dos Passos, em Lisboa, Manuel Clemente salientou que Portugal é um "país de lei e qualquer pessoa que seja acusada tem de saber do que é que é acusada".

"Aquilo que nos foi entregue pela Comissão Independente foi uma lista de nomes. Se essa lista de nomes for preenchida por factos, tanto nós como as autoridades civis podemos actuar. Da parte da Igreja, estamos completamente disponíveis para procurar a resolução deste problema, em colaboração, claro está, com as entidades civis e canónicas", afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa.

Questionado se a resolução do problema pode passar pela suspensão imediata dos alegados padres abusadores de menores, Manuel Clemente respondeu: "Essa é uma pena muito grave, é a mais grave que a Santa Sé poderá dar e é a Santa Sé que a poderá dar". "Se nós tivermos factos, e factos comprovados e sujeitos a contraditório, claro – nós estamos num país de direito e de leis – só pode ser feita pela Santa Sé, não é uma coisa que um bispo possa fazer por si", referiu.»

Os senhores padres terão que perceber, de uma vez por todas, que estão a falar para todos os portugueses e não para os crentes que vão à missa a uma igreja perdida no Portugal profundo, em que contam as patranhas que há anos e anos andam a impingir, e em que todos os pecados são tratados pela reza de dez avés-marias, ou dez padres-nossos.

 Susana Peralta no Público:

«A Igreja está em causa porque a sua arquitectura institucioinal atrai criminosos sexuais, que aparentemente a vêem como porto seguro»

3 comentários:

Seve disse...

Simplesmente VERGONHOSO!

Sammy, o paquete disse...

Um dos livros herdados da biblioteca do meu pai, é um calhamaço, mais de 700 páginas, da Editorial Inquérito: A História das Religiões de Chantepie de la Saussaye.

Tinha os meus 17 anos, passei os olhos, apanhei o que consegui entender e, passados uns tempos, não lembro quanto tempo, comecei a ler o Albert Camus.

Quanto a religiões fiquei vacinado.

Respeito a fé, as crenças, tudo, de quem entenda a isso dedicar-se.

Gostaria que respeitassem o facto de não frequentar deuses, mas não acontece facilmente.

Só Deus sabe da tranquilidade do meu ateísmo e do respeito que tenho pela fé dos outros.

Afligem-me estes padres. Andaram anos e anos nos seminários e não aprenderam nada. Não sabem falar, não sabem escrever, não sabem pensar uma migalha que seja, para além do que nos livros da igreja leram, ou talvez tenham lido. Há excepções que, lapalicemente, onfirmam a regra.

Seve disse...

Frequentei o Seminário e agora sou um homem sem fé.
(desabafo de um meu amigo que frequentou o Seminário durante dois anos, no início da sua adolescência).