sexta-feira, 3 de março de 2023

O CÉU, A TERRA, O VENTO SOSSEGADO...

O céu, a terra, o vento sossegado…

As ondas, que se estendem pela areia…

Os peixes, que no mar o sono enfreia…

O nocturno silêncio repousado…

 

O pescador Aónio, que, deitado

Onde co vento a água se meneia,

Chorando, o nome amado em vão nomeia,

Que não pode ser mais que nomeado:

 

– Ondas – dezia – antes que Amor me mate,

Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo

Me fizestes à morte estar sujeita.

 

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;

Move-se brandamente o arvoredo;

Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.

 

Luís de Camões

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