segunda-feira, 6 de março de 2023

OLHAR AS CAPAS


 

A Palavra é de Oiro

Augusto Abelaira

Livraria Bertrand, Lisboa s/d

«Sem dúvida: muitas vezes, quando escrevo, sinto que escrever é um assunto pessoal que só a mim me diz respeito, sinto que é comigo próprio que estou a falar. Mas logo, até porque publico o que escrevi (porque publicarei umas coisas e outras não?), me assaltam algumas dúvidas. E acabo por pensar que escrever não será um monólogo (será pleonástico dizer a sós?), um desabafo em frente do espelho, será sim um diálogo projectado para fora das quatro paredes que me cercam (do café em que geralmente me encontro, para ser mais rigoroso); que ao pegar numa caneta se anima em mim um desejo de comunicação, que baixar essa caneta sobre o papel pressupõe, mesmo se de forma escondida ou nebulosa, um tu a quem realmente me dirijo – alguém que talvez não exista (eu gostaria que existisse, decerto), alguém que depois de ler aquelas páginas desejará responder-me.»

(Do Posfácio, datado de Novembro de 1972)

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