sábado, 20 de março de 2010

O TEMPO EM QUE UM JOGO DE FUTEBOL NÃO PASSAVA DE UM JOGO DE FUTEBOL

Quando em 18 de Junho de 1950, no Estádio Nacional, o Benfica ganhou a Taça Latina, eu tinha cinco anos e não estive lá. Mas, volta e meia, o meu avô, o meu pai, falavam dessa tarde memorável.

Agora, com 90 anos, morreu Júlio da Silva Correia, mais conhecido por "Julinho”, o autor do golo da vitória de 2-1 sobre o Bordéus, ao fim de dois prolongamentos e 134 minutos de jogo.
Dessa equipa, apenas não vi jogar o "Julinho". No primeiro jogo que acabou 3-3 alinhou a ponta esquerda Pascoal, que também não vi jogar.

A equipa vencedora:

Bastos; Jacinto e Fernandes; Moreira, Félix e José da Costa; Corona, Arsénio, Julinho, Rogério e Rosário.

Com a morte de "Julinho", dessa tarde de glória, ainda estão vivos,: Rogério Lantres de Carvalho, o célebre “Pipi”, Rosário, Pascoal e Bastos
.
A Taça Latina disputava-se entre os campeões de Portugal, Espanha, França e Itália. Mais tarde surgiriam as competições europeias da UEFA.

No dia 18 de Junho de 1950, não estive no Estádio Nacional, mas pelos relatos do meu avô e do meu pai, ao longo dos tempos, foi como se lá tenha estado.

Faz parte desta minha paixão pelo Benfica, que surgiria três ou quatro anos depois, na paz serena de um país que saía à rua aos domingos de gravata e bandeirinha na mão.

Venenos próprios para o povo ter alegria.

Ainda hoje!

“O meu amigo, que era pintor,
Contou-me numa noite de bebedeira:
-Olha,
Quando chega domingo,
Não há nada melhor que ir para o futebol…”


Manuel da Fonseca em "Poemas Completos"

Legenda: Fotografia de Afonso Santos

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