sexta-feira, 25 de setembro de 2020

SARILHOS DE CASAL

A lua e sol viviam juntos, e davam-se o melhor possível, até que o sol surpreendeu a lua beijando com toda a paixão a estrela da manhã.

O sol bateu-lhe. Segundo contam os mapuches, as cicatrizes do castigo continuam bem à vista no corpo da lua; e das suas lágrimas de prata nasceu a arte indígena da ourivesaria.

E nunca mais viveram juntos. Quando o sol surge, a lua vai-se embora. Quando a lua aprece, o sol esconde-se.

 Eduardo Galeano em O Caçador de Histórias

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