No passado dia 9 de Fevereiro completaram-se 35 anos sobre a I Conferência da Reforma Agrária que permitiu as ocupações de terras no Ribatejo e Alentejo e que marca, formalmente, o arranque em força da Reforma Agrária.
Não é pacífica a discussão sobre a Reforma Agrária.
São profundas as cicatrizes que o processo deixou mas, com serenidade, a História há-de debruçar-se sobre esses anos, gloriosos para os trabalhadores alentejanos, trágicos para os latifundiários.
Porque a visão da Reforma Agrária depende, sempre, do lado de onde estamos a olhar
Sabe-se que até ao 25 de Abril os camponeses viviam miseravelmente. Jornadas de trabalho do nascer até ao pôr-do-sol, sem qualquer espécie de direitos.
Os latifundiários nem toda a terra queriam trabalhada.
A História também há-de falar de um certo voltar atrás que a chamada “Lei Barreto” proporcionou.
Quando percorremos algumas ruas de Lisboa, algumas terras do país, deparamos, ainda com paredes onde se pode ler: “Barreto Rua”Com essa lei os trabalhadores foram obrigados a abandonar as terras que ocuparam e a entregá-las aos proprietários.
Terras que voltaram a abandonar ou a venderem aos espanhóis.
Por esses tempos conturbados, o jornalista Carlos Pinhão, aproveitando um mero jogo de futebol, lembrava que eram outros os campeonatos que não podíamos perder, e publicava um poema no jornal “A Bola”.
Vale a pena recordar esse poema:
“Ao que parece
O Benfica vai perder o Campeonato.
Ao que se diz
Fica de luto metade do País.
Mas será mesmo um contratempo
Do outro Mundo?
Do outro tempo?
Dá pão?
Dá pão como a Reforma Agrária?
Será tão grande o mal?
Tão de tremer?
Olhe que não!
A Reforma Agrária é que é
O Campeonato Nacional
Que não se pode perder!”
1 comentário:
Grande Carlos Pinhão!
Quanto ao poema, sim, importante, desde que o Benfica seja campeão este ano!
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