quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CÉZANNE PINTOU ROMÃS?


A Maria, minha neta, esteve ontem à conversa a falar sobre os frutos de Outono, que lhe ensinaram no infantário. Os marmelos, os dióspiros, as romãs. Ainda tentei a minha tese sobre se o marmelo é fruto do findar do Verão ou começo do Outono, mas, não tive sorte nenhuma, ela foi peremptória: “é do Outono”!

Já há uns dias que começaram a aparecer as primeiras romãs. Hoje estavam no Pingo Doce a 2,99 euros o quilo e eram espanholas que lhes chamam granadas.

Segundo livros de mezinhas e outras coisas, o sumo das romãs pode ajudar a diminuir o cancro da próstata e um copo de sumo por dia diminui os riscos de doenças cardiovasculares.

Charlotte, protagonista da série O Sexo e a Cidade, perfumou-se de romã e o produto, lançado pouco depois no mercado, foi o mais procurado nas lojas da marca. Na festa de Fim do Ano de 2004 da produtora da série, uma das bebidas mais procuradas foi a “marguerita” de romã, que passou de imediato a fazer parte dos menus de bares e restaurantes.

As romãs não me sabem a nada, mas gosto de as ver, na fruteira, juntamente com outras frutas, mas não mais do que isso.

Yvette K. Centeno, a propósito de romãs, evoca o “Cântico dos Cânticos”:

“Como és bela, minha amada,
como és bela !

Teus lábios são fita vermelha,
tua fala melodiosa;
metades de romã teus seios
mergulhados sob o véu.”

Encontra também poesia persa, e cita Firdousi:

" as suas faces são como a flor da romãzeira e os seus lábios como o doce das romãs"

Ela própria tem um poema “Reguengos” que fala de romãs e que foi publicado na “Mealibra”, Revista do Centro Cultural do Minho:

“Já pesam as romãs semi-abertas
nas romãzeiras molhadas

cairam as chuvas da tarde
aguardam-se os beijos fatais
que só os Anjos concedem

bagos vermelhos
em bocas apetecidas

Jardim de Inverno
onde se perdem as vozes
onde se abrem feridas

onde secretamente
mais árvores são plantadas”


Mas não me vou daqui embora sem lembrar João César Monteiro em “As Bodas de Deus”, numa cena afrodisíaca, com a actriz Rita Durão, filmada na Praia da Adraga.

O cartaz do filme está lá em cima.

“Na boa companhia da madre Bernarda, a superiora do convento, João de Deus visita Joana que, sem comer as crianças, serve alegremente no refeitório. João de Deus almoça com a madre Bernarda: cozido à portuguesa, tintamente regado.
Após a santa ingestão, passeio com Joana numa falésia verdejante à beira-mar. João de Deus encontra uma romã no chão. Senta-se com Joana, tira um canivete do bolso esquerdo do casaco de cachemira, corta a romã irmãmente e oferece a Joana uma das metades. Longo silêncio. É tudo”

Da sinopse de As Bodas de Deus”em Le Bassin de John Wayne seguido de As Bodas de Deus Editora &Etc., Lisboa 1997

3 comentários:

filhote disse...

Por aqui, estou sempre a aprender!

Aida disse...

Olá Pedro.
Uma noite que correu mal, levou-me a só agora ler o teu comentário.
Mas, não é o fim do mundo. Há que acreditar.
Se for possível, dá-nos um pequeno aviso da tua estadia aqui.
Beijinhos

Sammy, o paquete disse...

Quanto ao aprender, caro Filhote, é apenas cortesia tua!
A Aida, optimista militante, enganou-se e colocou aqui o comentário que era para aparecer na "Tieta".
Ela não quer dar o braço a torcer, mas a noite de ontem deixou mossa.
Por mim, pessimista militante, no que ao Glorioso diz respeito, não houve surpresa alguma.
Um abraço