sábado, 9 de outubro de 2010

HOMENAGEM A CHE GUEVARA


As palavras eram força justa
seu vestido as árvores sua casa
constante sonda da miséria funda
por não saber contar sua mudez.

Soletrou a tiros de espingarda
vozes de milhões de voz logo amputada
no berço alheio que os fez submissos
ao nulo programa dos anos de não ter

senão os corpos morenos calibrados
na medida inversa da esperança.
Corpos de cumprir a morte arando pastos
às feras iguais fardadas de comando.

Nada se perdeu no rosto que nos mostram
derrubado  ao peso de oito balas.
- Por cada voz de nítido protesto
Cada testemunho cada alarme

um  grito medo ou fome de criança
as palavras actos permanecem
renovadas sempre necessárias:

QUEM PÁRA MORRE. EU RETOMO A ESTRADA.

Marta Cristina Araújo em “Poemas a Guevara”, “Editora Limiar, Janeiro 1975

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