quarta-feira, 12 de novembro de 2014

OLHAR AS CAPAS


Uma Casa na Praia

Pablo Neruda
Tradução: Serafim Ferreira
Ilustrações: Alfredo Martins
Contraponto, Setúbal, Novembro de 1996

A minha bandeira é azul e tem um peixe horizontal fechado ou enquadrado por dois círculos armilares. No inverno, com muito vento e sem ninguém por estes caminhos abandonados, agrada-me ouvir o agitar da bandeira e ver o peixe nadar pelos céus como se estivesse vivo.
E porquê este peixe?, perguntam-me. É místico? Sim, digo-lhes eu, trata-se do bem simbólico ictionim, do pré-cirstense, do cisternário, do lucicrático, do fritango, do verdadeiro, do frito, do peixe frito.
- E mais nada?
- Mais nada.
Mas, no fim do inverno, a bandeira ainda se agita lá no alto com o seu peixe, a tremer de frio, fustigada pelo vento e pelo céu.

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