segunda-feira, 9 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975


 9 de Novembro de 1975

O título pertence à primeira página do Diário de Notícias de ontem.
Já aqui foi referido que a destruição à bomba do centro emissor da Rádio Renascença, na Buraca, é o abrir de portas para esse 25 de Novembro quase a chegar.
Do Diário de Lisboa;
Ontem, quando começa a ser conhecida a origem da ordem contra a Renascença, o general Morais e Silva concedeu uma breve entrevista ao Rádio Clube Português
que pode considerar-se verdadeiramente inquietante. Inquietante porque o CEMFA revela uma completa ausência de perspectiva política em relação a um acto que vai ter repercussões impossíveis de prever em toda a sua extensão.
Disse o general Morais e Silva que havia apenas três hipóteses: “ou se tiravam os cristais – o que não daria resultado, pois da outra vez foram substituídos; ou se desmontava o equipamento – o que não seria viável, até porque o pessoal não podia lá estar indefinidamente; ou em última análise, se destruía o equipamento. Perante a premência do tempo e verificando que era impossível desmontar o material, optou-se pela última solução que era a destruição do equipamento.
Reparem no que disse o general: PERANTE A PREMÊNCIA DO TEMPO.
Sobre este caso, peguemos no livro Portugal Depois de Abril, que também nos tem acompanhado neste desfilar de acontecimentos dos idos do Verão Quente de 1975;
A operação RR desencadeou a luta dos «páras» em Tancos.
Perante a repulsa das massas pelo atentado bombista, compreenderam finalmente que tinham sido manipulados pela terceira vez do 28 de Setembro e do 11 de Março. Sentiram vergonha de acompanhar a primeira e bombástica intervenção do AMI, em que perto de uma centena deles tinham utilizados e decidiram abandonar a nova tropa de choque, mal nascida e já tão odiada. É que estes homens não mais podiam suportar que as suas armas se voltassem contra o povo.

SENTADO À LAREIRA DE NOVEMBRO, na sua casa de fins-de -semana, José Gomes Ferreira medita:
Porque em verdade vos digo que nasci para uma profissão qualquer que não sei bem qual é, e ainda não existe, nem talvez venha a existir, num mundo ao mesmo tempo lógico e absurdo que nunca haverá.
Há. O da Revolução. Verdadeiro, mas que começa a tronar-se tão longínquo, tão distante, tão perdido num mar de ilhas ainda ocultas…

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Intervenção Sonâmbula de José Gomes Ferreira
- Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga e Mário Cardoso, Edição dos Autores, Lisboa, Maio de 1976.

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