sábado, 21 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975


 21 de Novembro de 1975

Depois da destemperada decisão do governo de se auto suspender, o dia seguinte trouxe ainda mais confusão ao já confuso panorama da vida portuguesa.

No Ralis, com a presença do Chefe de Estado-Maior do Exército, general Carlos Fabião, assistia-se a um revolucionário juramento de bandeira de 170 recrutas.

O compromisso rompia com a tradição do código militar.

De punho fechado os recrutas gritaram:

Nós, soldados, juramos ser fiéis à pátria e lutar pela sua liberdade e independência. Juramos estar sempre, sempre, ao lado do povo, ao serviço da classe operária, dos camponeses e do povo trabalhador. Juramos lutar com todas as nossas capacidades, com voluntária aceitação da disciplina revolucionária, contra o fascismo, contra o imperialismo, pela democracia e poder para o povo, pela vitória da Revolução Socialista.

Um comunicado do Conselho da Revolução informa que Vasco Lourenço substitui Otelo no comando da Região Militar de Lisboa.

Sobre esta decisão é importante ler o que José Gomes Mota escreve no seu livro A Resistência quando realça que Otelo teria que sair do comando da Região Militar de Lisboa por um oficial do Movimento:

A situação anárquica a que tinham chegado as unidades do Exército aquarteladas em Lisboa, praticamente com a excepção das que eram fieis ao Movimento, impunham que o oficial a ser escolhido pelo Movimento tivesse um prestígio e uma coragem à prova das mais duras contingências. Ninguém melhor do que Vasco Lourenço – o o eterno Capitão de Abril -, preenchia estes requisitos e daí que o seu nome tenha surgido naturalmente a toda a gente.
A exoneração de Otelo da Região Militar de Lisboa, ainda que continuasse a exercer o Comando do Copcon ou viesse a ser mesmo nomeado para o cargo de Vice-Chefe do EMGFA, representava seguramente um golpe brutal do suporte militar dos dissidentes, particularmente neste caso, nos românticos e anárquicos copconistas.

Entretanto uma delegação de sargentos e oficiais dos comandos esteve, no Forte de S. Julião da Barra, para entregar uma moção de solidariedade ao VI Governo.

A ANOP, citava fontes de que o coronel Jaime Neves acompanhara a delegação.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Otelo Saraiva de Carvalho afirmava que a preocupação maior do VI Governo era eliminar a esquerda.


É tornado público um manifesto dos oficiais do COPCON, dirigido aos Soldados e Marinheiros, à Classe Operária e ao Povo Trabalhador.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- A Resistência de José Gomes Mota

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