sexta-feira, 13 de novembro de 2015

QUOTIDIANOS


Ontem morreu a mulher de um vizinho do primeiro esquerdo. Cancro. Há sete anos. Pouco a pouco (mas já lá vão quinze anos) fomo-nos estabelecendo em vizinhança com alguns moradores do prédio. Registo aqui a morte dessa mulhar para dar algum realce a esse acontecimento bana. Porque nada há mais banal do que nascer e morrer. E viver. E é o que há de mais espantosos no universo. Tão espantoso que não temos para isso uma medida de verosimilhança. Nem o próprio Deus, se existisse.

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente, 1º Volume.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da ilustração.

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