sábado, 7 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975


7 de Novembro de 1975

EXISTE OPINIÃO formada de que o plano militar do 25 de Novembro começa com a destruição dos emissores da Rádio Renascença, situados na Buraca.
A primeira e última operação efectuada pelo AMI,
Pelas 4 horas e 40 minutos um grupo de sessenta homens, identificados como forças para-quedistas, entraram no Centro emissor da estação, mandaram sair os trabalhadores que ali se encontravam, colocaram duas bombas que destruíram completamente o sistema transmissor da estação,
Os acontecimentos da Buraca são considerados extremamente graves, constituindo, na opinião de observadores militares, «o primeiro acto autoritário militar violento» depois do 25 de Abril, o que pode significar o desencadear de uma situação extraordinariamente delicada.
A operação foi ordenada pelo Conselho de Revolução que enviou um comunicado para os jornais, rádio e televisão:


QUASE QUATRO HORAS durou o debate, ontem transmitido pela RTP, entre Álvaro Cunhal e Mário Soares.
Mário Castrim, no seu Canal de Crítica, escreve: quem tem olhos viu, quem tem ouvidos ouviu.


Vergílio Ferreira no seu Conta-Corrente:
Ontem, o grande duelo na TV entre Cunhal e Mário Soares. Foi bom, para definir posições. O importante foi que se exprimisse em voz pública o que os adeptos de cada um vão rosnando por todo o lado em voz privada. Soares, mais subtil, mais livre de movimentos. Cunhal, metido sempre nas calhas de um dizer estereotipado com o nihil obstat em cada articulação. Lamenta-se que eles não tenham sido objectivos, esclarecedores. Mas o ponto onde chegámos já não quer explicações: quer é lambada, bons lances para se ganhar a contenda como num desafio de futebol. O País nunca viveu de ideias, viveu sempre de impulsos. «Morra um homem e fique fama», é um preceito popular.  

- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente – Vergílio Ferreira.

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