quarta-feira, 18 de novembro de 2015

OS IDOS DE NOVEMBRO DE 1975


18 de Novembro de 1975

É ESTE O TÍTULO, a toda a largura da 1ª página, do Diário de Notícias.
A notícia baseia-se num comentário de Pires Velosos, comandante da Região Militar do Norte, à manifestação popular em Lisboa:
É preciso aproveitar a próxima quarta-feira para acabar com essa insurreição.
O jornal avança ainda que é provável que os oficiais que, face à posição assumida por sargentos e soldados para-quedistas relativamente à explosão do emissor da Rádio Renascença, poderão estar envolvidos na conspiração.
Comentando a notícia, Franco Charais, membro do Conselho de Revolução e Comandante da Região Centro, disse que os homens que estão no poder não precisam de dar golpes.
O General Otelo Saraiva de Carvalho esteve reunido no Restelo com o major Melo Antunes e os capitães Vasco Lourenço e Sousa e Castro, oficiais ligados ao Grupo dos Nove.

ARTUR PORTELA FILHO, director do Jornal Novo, escreve:
Estão criadas as condições para a existência e o antagonismo de dois Portugais. O Portugal Norte, que passa por socialismo democrático. O Portugal Sul, que passa por comunista e extrema-esquerda. 

 

AS CÚPULAS DO PS, do PPD, do CDS, afincadamente, percorrem o país em comícios e manifestações de apoio ao VI Governo Provisório.
Num comício em Penafiel usaram da palavra Adriano Moreira, Rui Feijó, Manuel Alegre e Mário Soares.
Adriano Moreira denunciou as tentativas para as manobras golpistas em defesa da celebérrima ditadura do proletariado para impor um socialismo de mordaça.
Manuel Alegre salientou que se o Norte não fosse como é, a Revolução já tinha sido destruída.
A encerrar o comício, Mário Soares abordou problemas relacionados com o movimento de violências que se vive e aos esforços desesperados do P.C. e dos seus satélites para derrubar o VI Governo e instaurar, neste país, uma ditadura militar comunista.
Aludiu, depois às manipulações de que foram alvo os trabalhadores da construção civil, a firmando a concluir, que não queremos cair numa guerra civil com a de Espanha que se resumiu num milhão de mortos..Se se desse uma confrontação em Portugal e uma guerra civil não era a esquerda que ia ganhar, mas a extrema-direita e, porventura, cairíamos num novo fascismo.
Nós queremos evitar a guerra civil e, por isso, dizemos aos militares que não podem continuar a ter um servilismo em relação ao Partido Comunista e aos grupos esquerdistas minoritários, porque estes são os grandes responsáveis pela situação de ruína que o País atravessa.

PARA UM FACTUAL acompanhamento do que foi o caminho que Abril percorreu para chegar a Novembro, torna-se imprescindível ler A Resistência, de José Gomes Mota.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

Legenda: caricatura de Baar publicada no Diário de Notícias.

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