domingo, 20 de novembro de 2016

MARIA EUGÉNIA VARELA GOMES (1925.2016)


Aos 90 anos, faleceu hoje Maria Eugénia Varela Gomes - figura marcante da resistência antifascista e da solidariedade com os presos políticos no tempo da ditadura.

Em 1962 raptada e presa pela PIDE, por alegado envolvimento no golpe de Beja. É mantida isolada desde 6 de Janeiro até meados de Abril.

De 13 a 19 de Janeiro é submetida a tortura do sono, numa acção coordenada pelo chefe de Brigada Mortágua e chefiada pelo inspector Pereira de Carvalho.

Cumpre em Caxias um período de prisão até 27 de Junho de 1963.

Mensagem de Maria Eugénia Varela Gomes, escrita na tábua de um armário da prisão, e que está reproduzido no livro Contra Ventos e Marés:

Aqui esteve presa Maria Eugénia Sequeira Varela Gomes, mulher do Capitão varela Gomes, acusada, ao que parece, de ter colaborado na Revolução do 1º de Janeiro de 1962. O meu marido, que ficou gravemente ferido, está preso e doente na Penitenciária. Temos quatro filhos pequenos, 9,8,6, 5 anos; tudo sacrificámos ao nosso País. Mas temos fé de que dias melhores virão para este povo. Estou aqui isolada desde 6/1/62. Até quando? Quem vier depois de mim tenha fé porque nada se constrói de grande neste mundo sem mártires; e não há qualquer razão para que não sejamos nós algumas das vítimas; tenho a profissão de Assistente Social e sinto-me muito honrada em tal, como vós, em aqui ter vindo. 

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