Partido Comunista Português (1921-2021)
Uma Antologia
Selecção, Introdução
e Preâmbulos: José Neves
Textos, entre outros
de:
João Arsénio Nunes,
Fernando Rosas, Alvaro Cunhal, José Pacheco Pereira, João Madeira, Paula
Godinho, Ana Margarida de Carvalho, Francisco Louçã
Capa: V. Tavares
Edições
Tinta-da-China, Lisboa Abril de 2021
A clandestinidade de Teresa Dias Coelho, 45 anos, pintora, filha de Margarida
Tengarrinha e do escultor assassinado pela PIDE José Dias Coelho, foi passada a
desenhar. Compulsivamente. Ainda hoje guarda uma mala cheia de desenhos
infantis, testemunhos da vida fechada em casa, fechada sobre aquele mundo de
adultos excessivamente carregado para uma criança entender. Não havia outros
miúdos, companheiros de brincadeiras, mas em família tudo lhe parecia demasiado
normal – os piqueniques ao fim-de- semana em Monsanto, as historinhas lidas e
ilustradas ao deitar, os Natais decorados com mais imaginaçõa do que dinheiro,
as exposições de desenhos espalhados no chão da sala. Tudo, excepto «a vez em
que a minha m~se desatou a correr comigo na rua para não se encontrar com
alguém conhecido». Ou quando um simples desenho seu gerou o pânico lá em casa.
Não era caso para menos: acabar de fazer uma réplica quase perfeita do
cabeçalho do Avante!, e era conhecido o seu hábito de lançar folhas pintadas
pela janela.
(De um texto de Ana Margarida Carvalho publicado na Visão – Filhos da Clandestinidade)
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