segunda-feira, 4 de agosto de 2025

OLHAR AS CAPAS

Partido Comunista Português (1921-2021)

Uma Antologia

Selecção, Introdução e Preâmbulos: José Neves

Textos, entre outros de:

João Arsénio Nunes, Fernando Rosas, Alvaro Cunhal, José Pacheco Pereira, João Madeira, Paula Godinho, Ana Margarida de Carvalho, Francisco Louçã

Capa: V. Tavares

Edições Tinta-da-China, Lisboa Abril de 2021

A clandestinidade de Teresa Dias Coelho, 45 anos, pintora, filha de Margarida Tengarrinha e do escultor assassinado pela PIDE José Dias Coelho, foi passada a desenhar. Compulsivamente. Ainda hoje guarda uma mala cheia de desenhos infantis, testemunhos da vida fechada em casa, fechada sobre aquele mundo de adultos excessivamente carregado para uma criança entender. Não havia outros miúdos, companheiros de brincadeiras, mas em família tudo lhe parecia demasiado normal – os piqueniques ao fim-de- semana em Monsanto, as historinhas lidas e ilustradas ao deitar, os Natais decorados com mais imaginaçõa do que dinheiro, as exposições de desenhos espalhados no chão da sala. Tudo, excepto «a vez em que a minha m~se desatou a correr comigo na rua para não se encontrar com alguém conhecido». Ou quando um simples desenho seu gerou o pânico lá em casa. Não era caso para menos: acabar de fazer uma réplica quase perfeita do cabeçalho do Avante!, e era conhecido o seu hábito de lançar folhas pintadas pela janela.

(De um texto de Ana Margarida Carvalho publicado na VisãoFilhos da Clandestinidade)

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