Este livro de Ignacio Peiyró sobre o cantante Julio Iglesias, fez-me lembrar que o meu pai gostava de uma canção do Julito: Un Canto a Galicia.
Foi ele que comprou o single que ainda se encontra nas
prateleiras da Biblioteca da Casa.
Uma outra maneira de entrar em Os Clássicos do Meu
Pai.
Como é que um marxista-leninista, nascido em Lisboa,
se demora numa canção destas?
Podia-se perguntar tudo ao meu pai que ele respondia.
Mas sabíamos que havia coisas para as quais não dava
qualquer sinal explicativo.
Algo a que um dia chamou prazeres secretos.
Do mesmo, são parcas as informações que possuímos
sobre o lado familiar do lado paterno.
Quando a conversa chegava a um determinado ponto,
ouvia-se o ensurdecedor silêncio.
Pela parte da mãe, de quem muito gostava, o avô era
galego e, por motivos desconhecidos, desaguou em Cernache do Bonjardim. Talvez
seja desse avô galego que o meu pai agarrou o gosto pela canção, talvez o lembrar
morriñas, saudades, ribeiras, algo que só ele poderia contar, venha esse gosto
por Un Canto a Galicia.
O livro, já aqui referido, escrito pelo jornalista,
tradutor, escritor e director do Instituto Cervantes de Roma (que também já
dirigiu o Cervantes em Londres) Ignacio Peyró, esta biografia do popular cantor
espanhol Julio Iglesias é o “retrato social, político e antropológico da
Espanha moderna: do franquismo à democracia, do glamour à imprensa
cor-de-rosa, da pobreza à internacionalização”, diz a editora sobre esta obra
que “junta alta cultura com música ligeira.”
Eu quero che tanto, e ainda non o sabes.
eu quero che tanto, terra do meu pai.
Quero as tuas ribeiras que me fan
lembrare,
os teus ollos tristes que me fan
chorare.
Un canto a Galicia, hey, terra do meu
pai.
Un canto a Galicia, hey, miña terra nai.
Teño morriña, hey, teño saudade,
porque estou lonxe de eses teus lares.
Teño morriña, teño saudade,
porque estou lonxe de eses teus lares.
De eses teus lares, de esos teus lares,
Teño morriña! Teño saudade!

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