quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

À LUPA


A estatística diz-nos que, apenas nos anos de 2011 e 2012, Portugal cortou 3700 milhões na despesa com apoios sociais, o equivalente a -7,4% da despesa previamente realizada, ou -2,2% do PIB. É o maior esforço, em termos relativos, realizado no espaço europeu - o país com o segundo maior corte foi a Roménia, com -5,2%. Ninguém pode subestimar a dimenão dos sacrifícios, em dinheiro e em espécie, que estão por detrás destes valores. Em comparação internacional, os portugueses têm vindo a ser obrigados a apertar o cinto mais depressa e mais fortemente do que os seus parceiros nesta UE a 27.
Se juntarmos a este encolher dos programas sociais do Estado a redução do número e de regalias dos funcionários públicos e os cortes nas reformas e aposentações, emerge com mais nitidez a crueza do ajustamento orçamental, que já foi feito - para além do que seria razoável pensar ser possível. Quando o presidente da Cáritas reclama o fim de apertos sociais adicionais, sabe do que fala: de uma população que se abriga no amparo possível das famílias alargadas, na caridade das instituições humanitárias, saídas da sociedade civil, nos ressuscitados almoços de marmita, nas carências alimentares envergonhadas, escondidas. Este é o país
Do editorial do Diário de Notícias de hoje.

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