quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Q'UÉ QUE VAI NO PIOLHO?




Começo da Estação Meteorológica, crónica de António Guerreiro no Ípsilon do Público de 10 de Maio de 2013:

A última vez que em Portugal ouvimos um artista manifestar publicamente o seu desprezo pelo público e afirmar que se subtraía ao seu poder de maneira soberana – e ostensiva – foi quando, na estreia de Branca de Neve, João César Monteiro disse a uma jornalista que ousou evocar tal entidade: “Eu quero que o público se foda”. Esta frase, quebrando com altivez despudorada todas as regras da “bienséance”, ecoava um grito vindo de outra época, dos primeiros modernistas, que a entoaram em coro e com violência. Podíamos referir muitos outros – artistas, escritores – que continuam a excluir o público dos seus cálculos, mas João César Monteiro fê-lo de maneira tão intempestiva e explícita que atraíu a fama de membro escandaloso de uma família respeitável, que uns vêem como um artista-filósofo e outros como uma figura um pouco simiesca.

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