quinta-feira, 27 de outubro de 2022

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS


Ah! sim, a memória.

O que se faz quando se perde a memória?

Posso dizer: «esqueci»?

«Vivemos da memória. E eu tenho a certeza de que nada nos resta quando a perdemos. Existe um corpo, sim. Mas um corpo sem memória é uma casa vazia. Sem gente, sem livros e sem retratos na parede. Uma casa nunca cheira ao bolo de laranja ao domingo.»

Dizia o velho Paul SimonPreserva as tuas memórias. Elas são tudo o que te resta.»

 «… inevitavelmente, sou levado a pensar no meu Livro das Tentações, sempre anunciado e sempre adiado: que não será um livro de memórias, respondo eu, quando me perguntam acerca dele, mas sim, como declarei ao José Manuele Mendes, na entrevista à Setembro, um livro do qual eu possa vir a dizer: «Esta é a memória que eu tenho de mim próprio.»

Cadernos de Lanzarote, Volume I, página 31

«Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.»

Cadernos de Lanzarote, Volume II, página 63

«A memória, que é suscetível e não gosta de ser apanhada em falta, tende a preencher os esquecimentos com criações de realidade próprias, obviamente espúrias, mas mais ou menos contíguas aos factos de cujo acontecer só lhe havia ficado uma lembrança vaga, como o que resta da passagem duma sombra.»

Todos os Nomes (citação apanhada por Paulo Neves da Silva).

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