domingo, 7 de outubro de 2012

COHEN EM LISBOA


Tirando alguns de música clássica na Gulbenkian, não sou de concertos.

Os motivos são aparentemente claros, umas vezes porque os preços dos bilhetes saltam a barreira de economia caseira, outras o desconforto dos locais e como sou  um tanto ou quanto duro de ouvido, a deficiência obriga a escolher os lugares mais caros.

Leonard Cohen é uma das muitas referências que transporto pela vida.

Veio duas ou três vezes a Lisboa.

Está por cá, novamente.

Com 78 anos feitos no passado dia 21 de setembro, é provável que esta fosse uma última oportunidade para assistir a um concerto seu.

Se bem que me cause arrepios Cohen a cantar no Pavilhão Atlântico – tem um som completamente a desejar, ao que dizem – ainda fui até lá baixo, para ver como era isso do preço dos bilhetes.

A meio da tarde, as bilheteiras estavam abertas e nos vinte minutos que por ali permaneci, nenhum movimento a não ser um cidadão que perguntou pela possibilidade de trocar de lugar.

Já tinha olhado a tabela de preços: o bilhete mais barato custava 30,00 euros, o mais caro 85,00 euros e era neste lugares que eu teria de me sentar para, minimamente, ouvir qualquer coisa de jeito.

Ainda não foi desta que fui ouver Leonard Cohen.

Apesar da idade, é provável que volte.

Aparecem sempre umas dívidas antigas que terão de ser liquidadas.

Tirei uma fotografia ao cartaz.

 Neste momento já terá subido ao palco, com a quantidade certa de vinho, arrancou com take this waltz and dance do the end of love,  e lá pelo meio lembrará que  como um pássaro num fio pousado, como um bêbado num coro nocturno eu tentei a meu modo ser livre.

Neste momento estou  a ouvir o CD que regista o concerto que em Maio de 1993 realizou em Zurique.

Abro o seu Filhos da Neve na página 89 e copio:

Pergunto-me quanta gente nesta cidade
vive em apartamentos mobilados.
Altas horas da noite quando olho os outros prédios
juro que vejo um rosto em cada janela
que me olha também
e quando volto para dentro
pergunto-me quantos se sentam às suas escrivaninhas
e escrevem isto mesmo

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