quinta-feira, 20 de novembro de 2025

SAUDADES DA INDIGNAÇÃO

«Não há nada de inédito em ver os EUA a abrirem os braços para ditadores sanguinários, mas a pompa e a reverência com que Trump o recebeu ainda deveria ser motivo de indignação, especialmente quando o Presidente norte-americano se esforça por “ilibar” M.B.S. do assassínio de Khashoggi, não se abstendo de criticar os jornalistas que façam perguntas inconvenientes.

M.B.S. visitou agora os EUA pela primeira vez após o assassínio de Khashoggi e, na mesma ocasião, também o fez Cristiano Ronaldo, que não entrava no país desde que, em 2018, foi acusado de violação pela ex-modelo norte-americana Kathryn Mayorga. A sua presença não é de estranhar, pois há muito que Cristiano Ronaldo é estrela maior de uma operação que poderia ser designada por sportswashing, com que muitos países árabes procuram, através do “desporto-rei”, conquistar simpatia global.

Já não espanta, mas devia indignar e não dar direito a intermináveis horas de basbaque televisivo à espera da foto do encontro entre Trump e Ronaldo. Como também não espanta, mas devia indignar que o seleccionador nacional de futebol se tenha prestado ao deplorável exercício de lavagem da imagem de Cristiano depois de ele ter agredido outro futebolista em campo.

São marcas dos tempos que vivemos, e, para quem acredita na decência, a saudade da indignação é um sentimento natural.»

 

David Pontes no Público de hoje.

3 comentários:

Sammy, o paquete disse...

«Irracional as horas de directo da porta da casa branca sem qualquer relevância jornalística, ao passo que a visita de zelensky a Madrid ou Paris era uma quase nota de rodapé. Para comprovar a saloice tuga, por curiosidade espreitei nomeadamente a cnn, tve24, skynews, rai e…nada. Nem se argumente com CR7, que é assalariado do principe e que mais não faz do que ser um instrumento de branqueamento do regime a troco de um enriquecimento, também esse irracional. Qe os canais medialivre (CMtv, Now) tenham liderado este ajoelhar poderá ter explicação no facto de CR7 ser seu accionista ( viva o dinheiro árabe!). Não vale tudo nesta época geopolítica bizarra e foi confrangedor ver alguns media tugas a alinharem na “canção do bandido”. É o que é…»

Comentário de Diogo Lopes, leitor do« Público».

Seve disse...

Ó Sr.Diogo, mas Ronaldo agrediu outro futebolista em campo? Em que jogo isso aconteceu?
Ronaldo é que é agredido praticamente em todos os jogos em que participa e só quem não percebe nada de futebol e cuja única preocupação é deitar abaixo o melhor futebolista português de todos os tempos acrescida de dor de cotovelo o faz bolsar tal alarvidade.

Seve disse...

Nani sobre Cristiano Ronaldo:

NANI: "O Cristiano me defendeu quando tínhamos 12 ou 13 anos, durante uns treinos pelo Sporting, e nunca me esquecerei disso.

Quando cheguei ao Manchester United, o Cristiano já estava lá. E embora a adaptação a um novo país seja difícil: a língua, o clima, a comida, a ausência da família, ele tornou o caminho muito mais fácil.

Ele me recebeu como um irmão. Naquele primeiro mês, Anderson e eu moramos com ele em sua casa. Não era apenas uma ajuda prática... era como entrar em uma academia de elite.

Tudo era uma competição: pingue-pongue, natação, quem conseguia ficar mais tempo debaixo d'água à meia-noite. Essa era a vida dele... competir para sempre melhorar.

O Cristiano me conhecia desde os 12 ou 13 anos, durante os testes com o Sporting. Não fui convocado porque o técnico me disse que eu era muito jovem. O Cristiano não se calou. No vestiário, reclamou: "Como é possível? Esse garoto é um dos melhores e não fica, mas tem outros que não merecem!"

A partir daí, eu soube que ele era alguém especial; nunca vou esquecer. Nos reencontramos anos depois com a seleção, e em Manchester foi como voltar para casa. Graças a ele, aquele grande salto na minha carreira não me esmagou. Ele me levantou."