Não foi na infância que fomos felizes.
Nós não entendemos nada do passado e ao mais escuro de
nós
chamamos infância.
Assim começam todas as biografias.
A infância dos outros é que te comove.
Disfarçadamente contas as sílabas do teu nome
e lembras-te de um muro baixo, de um jardim
ou de um jardim sem muro
ou de um muro sem jardim.
O sol que cerca as casas de silêncio
é o mesmo aqui e dentro da memória?
Que espécie de realidade damos às coisas perdidas?
Alguém já pensou isto; se buscas o novo
deixa à porta do poema as tuas ilusões.
Luís Filipe
Castro Mendes em Poemas Reunidos
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