domingo, 9 de novembro de 2025

MÚSICA PELA MANHÃ


 Havia outros planos para a Música Pela Manhã de hoje, mas o o Público publica, hoje, uma excelente entrevista, conduzida por  Pedro Boléo, a Maria João Pires e o plano passou a ser outro: ouvir as palavras, a música de Maria João Pires que

Aos 81 anos retira-se de uma vida de intérprete ao piano, que lhe trouxe reconhecimento mundial.

Não contente por não gostar de se ver, também diz que não gosta de se ouvir.

Transporta consigo uma solidão de que gosta - «no fundo, quando vivo sozinha é quando estou melhor; porque posso viver plenamente a minha solidão e dar larga aos meus sentimentos de medo», entrevista ao Expresso s/d – ao mesmo uma dor por em 1986 ter criado o Centro Belgais para estudo das artes. Mas em 2006 confessou o seu desânimo em relação ao desenvolvimento da sua obra e lamentou a falta de apoios oficiais e outros. Hoje a ”granja” de Belgais está à venda, à espera de outra vida.

Apontamentos tirados da entrevista do Público:

«É bom pensar que o futuro é incerto, desconhecido, talvez surpreendente…»

«Estamos a assistir  a genocídios de novo. À tomada de posse de territórios e de riquezas de outros países. Estamos a assistir à subida absurda das extremas-direitas. Tudo com a aprovação das pessoas. Será que adormeceram?»

«Eu fui um bom exemplo, até ao final da minha carreira como pianista, de como não se toca piano com as mãos. E talvez por isso tenha coisas a explicar e a transmitir às novas gerações. O piano não se toca com as mãos, mas com o corpo todo. E o corpo todo tem uma influência brutal na forma como fazemos vibrar a corda. É preciso saber como funciona o corpo. Como um desportista. Como um bailarino. Não são funções primárias do corpo, mas funções muito elaboradas. A função elaborada do corpo é genial! Pessoas que perderam um braço ou uma perna que conseguem fazer coisas incríveis.»

«Há repertórios que lamenta não ter tocado por causa das suas mãos pequenas, que não são “mãos de pianista”, como costuma dizer.»

«Assumi-me como pianista, mas sempre ansiei ser amadora, porque o amador é aquele que faz por amor.»




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