segunda-feira, 10 de novembro de 2025

CONVERSANDO


 Morrer de amor como o King Kong, escreveu o Eduardo Guerra Carneiro.

Pode-se morrer de qualquer coisa.

O Pedro Oom morreu de felicidade.

Uma pequena notícia na última página dos jornais de 27 de Abril de 1974, dizia-nos que, na véspera, fulminado por um ataque cardíaco, morreu o poeta Pedro Oom. Não resistiu à emoção de ver a ditadura cair. Tinha 47 anos, um pouco menos que o regime deposto.

Ao entrar no “13” restaurante no Bairro Alto, onde habitualmente se encontrava com os amigo, abriu os olhos, escancarou o sorriso e caiu fulminado em cima do seu amigo e editor Victor Silva Tavares. “Não tinha o pulmão preparado para a corrente de ar provocada pela liberdade”, explicou o editor da “& Etc”, num programa evocativo transmitidoo há alguns anos pelo Canal 2 da RTP.

Conotado com o Surrealismo escreveu, nos anos 40, sobre o Estado Novo: “Até onde pode chegar um homem desesperado quando o ar é um vómito e nós seres abjectos.”.

Em 1980 a “& Etc.” publicou a dispersa obra de Pedro Oom no livro “Actuação Escrita”.

No entanto, no livro Coisas, publicado pela &etc., são reunidas algumas história de Pedro Oom. Como esta:

                      UM TOSTÃO PARA O ENSINO

«Num pequeno país atrasado e pobre o Primeiro-Ministro preocupava-se muito com a ignorância do seu povo.
A percentagem de iletrados era tal que não se descortinava maneira de arrancar do estado de subdesenvolvimento para a fase industrial a que o país necessitava chegar.
O Primeiro-Ministro reuniu os melhores pedagogos do país que elaboraram um pequeno livro de bolso, a que chamaram a “Cartilha Paternal”, onde se resumia em frases simples toda a Ciência existente.»
A “Cartilha Paternal” foi distribuída gratuitamente a todo o Povo, o qual lhe deu a serventia que estava habituado a dar a tudo o que fosse papel, liso ou impresso.”

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