Morrer de amor como o King Kong, escreveu o Eduardo Guerra Carneiro.
Pode-se morrer de qualquer coisa.
O Pedro Oom morreu de felicidade.
Uma pequena notícia na última página dos jornais de 27 de Abril de 1974, dizia-nos que, na véspera, fulminado por um ataque cardíaco, morreu o poeta Pedro Oom. Não resistiu à emoção de ver a ditadura cair. Tinha 47 anos, um pouco menos que o regime deposto.
Ao entrar no “13” restaurante no Bairro Alto, onde habitualmente se encontrava com os amigo, abriu os olhos, escancarou o sorriso e caiu fulminado em cima do seu amigo e editor Victor Silva Tavares. “Não tinha o pulmão preparado para a corrente de ar provocada pela liberdade”, explicou o editor da “& Etc”, num programa evocativo transmitidoo há alguns anos pelo Canal 2 da RTP.
Conotado com o Surrealismo escreveu, nos anos 40, sobre o Estado Novo: “Até onde pode chegar um homem desesperado quando o ar é um vómito e nós seres abjectos.”.
Em 1980 a “& Etc.” publicou a dispersa obra de Pedro Oom no livro “Actuação
Escrita”.
No
entanto, no livro Coisas, publicado pela &etc., são reunidas algumas
história de Pedro Oom. Como esta:
UM
TOSTÃO PARA O ENSINO
«Num pequeno país atrasado e pobre o Primeiro-Ministro preocupava-se muito
com a ignorância do seu povo.
A percentagem de iletrados era tal que não se descortinava maneira de arrancar
do estado de subdesenvolvimento para a fase industrial a que o país necessitava
chegar.
O Primeiro-Ministro reuniu os melhores pedagogos do país que elaboraram um
pequeno livro de bolso, a que chamaram a “Cartilha Paternal”, onde se resumia
em frases simples toda a Ciência existente.»
A “Cartilha Paternal” foi distribuída gratuitamente a todo o Povo, o qual lhe
deu a serventia que estava habituado a dar a tudo o que fosse papel, liso ou
impresso.”

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