segunda-feira, 24 de novembro de 2025

A UMAS FLORES AMARELAS

Encontro-as por acaso numa ilharga

sombria do caminho. São amarelas.

Reluzem como um sol que arda na noite.

 

Estas flores tão densamente de ouro,

eriçadas de estames que parecem

a pelagem dum gato posto à prova,

 

a mim, que me comovo com igrejas singelas

de preferência a grandes catedrais,

 

mostram um esplendor totalmente inesperado

neste chão de pedra que ninguém diria

poder florir assim.

 

Ó flores cujo nome desconheço,

prolongai esse fulgor humilde em cada dia

de que ainda disponho para ver as flores,

 

antes de as flores virem ter comigo.


A.M.Pires Cabral em Gaveta do Fundo

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