sábado, 8 de junho de 2013

A CEGUEIRA DE JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA


Há limites exigíveis à alarvidade e mais ainda quando ela assume a consciência de que o é.
José António Saraiva publicou ontem no Expresso um texto raro de brutalidade, de falta de elementar noção do que é viver.
Entendeu o director do Expresso fazer uma crítica às ideias expostas em entrevista naquele semanário por Álvaro Cunhal. E associou-as ao facto consabido de o histórico dirigente do PCP sofrer de gravíssimos problemas de visão, próximos da cegueira, com uma imbecil associação de palavras à sua «cegueira face à realidade».
Não se pretenderia que a capacidade intelectual de José António Saraiva fosse capaz de reconhecer uma vida e uma inteligência de coerência, mesmo dela discordando. Muitos, em todos os sectores políticos do País, o fazem, mas tal parece estar além das possibilidades do director do Expresso.
Tão-só se exigia que tivesse a elementar noção, a pura e simples sensibilidade, o prosaico bom senso de entender que é miserável contestar ideias de que se discorda apontando a quem as escreveu, as pintou, as viveu e por elas deu a vida a tragédia pessoal que é perder o sentido da visão.
Cunhal poderá estar próximo de perder o que os olhos lhe deram. José António Saraiva nunca teve o que a vida lhe deu.


Ruben de Carvalho, Diário de Notícias de 8 de Junho de 2003.

1 comentário:

Anónimo disse...

De onde se conclui que é mais cego o que não quer ver!Toino