sábado, 13 de fevereiro de 2021

OLHAR AS CAPAS


O Espelho Poliédrico

Crónicas

Estúdios Cor, Lisboa, Janeiro de 1973

O jornalismo foi talvez a minha única vocação revelada. Ainda joje me sinto repórter, mas ando sempre atrasado. A atmosfera dos jornais fascinava-me, de noite sobretudo, com a excitação da hora de «fechar», o cheiro das tintas e o arfar das máquinas de impressão. Meu pai levou-me um dia à Companhia Estoril, no Cais do Sodré e apresentou-me a Ribeiro de Carvalho, seu correligionário. Estreei-me na República (1922), com umas crónicas da Cidade, gratuitas, sob o título geral «Poeira da Rua». Compunha-as na cabeça, andando pelas ruas depois do jantar. Já tarde, entrava na redacção, ia direito à mesa, e escrevi-as de um jacto, com a pena de bicos tortos a raspar no papel passento – como já o ficcionei em Idealista no Mundo Real, romance gorado.

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