domingo, 7 de fevereiro de 2021

OLHAR AS CAPAS


No Outro Extremo da Cidade

Erskine Caldwell

Tradução: Ricardo Fernandes

Capa: Armando Alves

Colecção Metamorfoses nº 11

Editorial Inova, Porto Julho de 1972

Quando perguntaram ao dono do café, um homem de modos grosseiros, de meia idade, que já havia sido agente da polícia, por que razão deixou de admitir os negros, ele respondeu que a maioria dos seus clientes brancos eram motoristas de camião, vindos de todas as regiões do Sul, e não queriam que os negros entrassem no café quando estivessem a comer ao balcão, E dizendo isto, alteava a voz, indignado.

Finalmente, disse que tinha um motivo melhor para proibir os negros, do que o de agradar aos brancos. Explicou que já há muito tempo pensava em os proibir, porque muitos deles, e cada vez mais, procediam como se estivessem convencidos de que tinham tanto direito de ingressar no café como os brancos, e falavam com ele como se fossem tão bons como ele. Disse que foi por isso que resolveu não dar atenção aos negros quando estes pediam os pregos bem ou mal passados, ou com mostarda, ou molho picante.

2 comentários:

Seve disse...

Erskine Caldwell-grande escritor!

Que bem ele descreve a América e os americanos mais rudes, que bem descreve o racismo mais profundo, e mais odioso, que bem relata a vida miserável dos americanos pobres sobretudo dos negros, que não há mais de meio século eram vítimas de um tremendo ódio de descriminação e quase escravidão.

Creio quec Erskine Caldwell foi talvez dos escritores que melhor descreveu esta tragédia da não muito distante época da vida americana.
Um escritor a ler com urgência (um qualquer livro dele, pois dec todos os que li -cincou ou seis- gostei).

Sammy, o paquete disse...

Completamente de acordo, Seve.
Tenho uns seis livros do Caldwell e ainda só aqui pus dois. Por vezes, perco-me...