quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

OS ITINERÁRIOS DO EDUARDO


 Se quisermos tentar a definição política do Eduardo Guerra Carneiro, poderíamos dizer que era um homem de esquerda. Partidariamente, nessa esquerda, nunca ouvi, nunca li nada que o colocasse num partido. À maneira do seu grande amigo Vitor Silva Tavares.

Zeferino Coelho, o velho editor de José Saramago, em 27 de Janeiro do ano passado, deu uma entrevista à revista Visão, sobre a sua vida de editor.

A determinado passo, podemos ler:

«Em resumidas contas foi este o ambiente em que me integrei no Porto dos anos 60. Por isso não é de espantar que pouco depois de chegar me tivesse tornado militante do PCP: o que ainda hoje me soa estranho é ter ido lá parar por iniciativa do Eduardo Guerra Carneiro, o poeta sensível que, nas homéricas discussões políticas e ideológicas características da época – nada se fazia sem se examinar à lupa a sua adequação aos princípios teóricos que deviam guiar a ação prática – acabava sempre a glosar o Cesariny dizendo que “pequenos burgueses somos nós todos, ou ainda menos”. E não espanta também que viesse a participar nas “eleições” de 1969 como candidato da CDE, Comissão Democrática Eleitoral, pelo círculo do Porto.»

Curiosa a observação de Zeferino: o achar estranho ter ido parar ao Partido Comunista Português por iniciativa do Eduardo Guerra Carneiro.

Maravilhosos os itinerários, mesmo que não declarados, do Eduardo.

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