sábado, 18 de fevereiro de 2023

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


 O Ruy Belo tem um livro de poemas  a que deu o nome de O Problema da Habitação.

Dos anos que levo de andar por aqui – completam-se 78 em Março - sempre ouvi falar de crise da habitação. A minha infância de olhares está cheia de ver escritos nas janelas, que sinalizavam que a casa, ou parte da casa, ou um quarto, estavam para alugar.

Havia muito pouco dinheiro.

O meu pai chegou a ter uma partilha da casa com um tio da parte da minha mãe, para a ajuda do pagamento da renda, mas, ao fim de alguns meses, esse tio não conseguiu pagar a metade da renda.

Anos 50, a renda cifrava-se em 600 escudos.

Muitas vezes havia a imperiosa necessidade de alguns objectos terem de ir até à Casa de Penhores do Sr. Martins na Rua da Penha de França, em frente da sede do Sporting Club da Penha.

Esta semana o governo de António Costa apresentou um pacote legislativo para enfrentar o problema da habitação. Recebeu, de todos os lados,  um coro de impropérios e críticas. O pacote ainda não é definitivo, vai entrar em diversas discussões, públicas e privadas e só depois de tudo isso, seja aprovado.

Do que li na imprensa, por ignorância própria, não entendi quase nada.

Não sei se a propósito do pacote, Marcelo Rebelo de Sousa chamou a António Costa «um optimista irritante».

Por conta de todas as madurezas, dos detalhes ainda desconhecidos do que o governo pretende, leva-me a deixar o primeiro poema de O Problema da Habitação do Ruy Belo:

A morte é a verdade e a verdade é a morte

Tão contente de vento, ó folha que nomeio
como quem à passagem te colhesse,
palavra de que tu, ó árvore, dispões para vir até mim
do alto da tua inatingível condição

De muito longe vinda, inviável lembrança
indecisa nas mãos ou consentida
por alguma impossível infância
E a alegria é uma casa recém-construída

Face melhor de todos nós, ó folha
dos álamos nocturnos e antigos visitados pelo vento,
no calmo outono, o dos primeiros frios, sais
do ângulo dos olhos, acolhes-te ao poema
como no alto mês de maio a flor imóvel do jacarandá

Não há outro lugar para habitar
além dessa, talvez nem essa, época do ano
e uma casa é a coisa mais séria da vida
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, com Ordem do Mérito, um empresário do sector da restauração que deve cerca de dois milhões de euros ao fisco.

1.

 Um quarto das lojas da Baixa lisboeta, fechadas no início da pandemia, não voltou a abrir.

2.

Em 2022 o poder de compra dos portugueses caíu para os níveis de 2018 e segundo o Instituto Nacional de Estatística o ordenado bruto médio caiu 4%.

 3.

No relatório sobre os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja católica estão referenciadas pelo menos 4815 crianças que foram vítimas e a idade média que  tinham no primeiro abuso que sofreram é de 11/12 anos.

Hipocraticamente, o sr. Bispo do Porto, Manuel Linda, disse:

«Sofro e choro pelas vítimas». 

4.

 O Santuário de Fátima recebeu quase cinco milhões de visitantes em 2022 e teve receitas de 18,6 milhões de euros e despesas de 17,7 milhões de euros, atingindo um lucro de quase um milhão de euros, anunciou esta quinta-feira o reitor do templo mariano.

5.

«Acham a Educação cara? Experimentem a ignorância!»

Lia-se num cartaz na manifestação de professores.


6.

As senhoras da caridadezinha!

 A presidente da Associação Raríssimas, Paula Brito da Cunha, segundo o Ministério Público, usava vestidos de marca no valor de centenas de euros que eram pagos pela instituição, assim como contas de supermercados, do talho e até os serviços de depilação. 8.

São quatro as acusações do Ministério Público que visam a bastonária dos Enfermeiros: duas de peculato e outras duas de falsificação de documentos.. Ana Rita Cvaco é dada como autora de um esquema para falsificar deslocações e receber, indevidamente, mais de 10 mil auros ao abrigo de subsídios de função,

7.

 Cerca de metade dos portugueses (47%) compra alimentos próximos do fim do prazo de validade para poupar. 

O mesmo estudo indica que os portugueses estão a mudar alguns hábitos de consumo para fazer face à subida dos preços.

A maior parte dos consumidores indica que é importante que a comida seja barata e 47% dos inquiridos afirmam que combatem os preços altos com a compra de alimentos, cuja data de validade esteja prestes a expirar, por um preço mais reduzido.  

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