sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

QUANDO PARO À PORTA DA ANTIGA FÁBRICA


Quando paro à porta da antiga fábrica
onde o meu avô trabalhou. Risca. Quando
a fábrica onde o meu avô trabalhou
surge de repente aos meus olhos,
sem eu ter procurado, e. Risca.
Passam de repente nos meus olhos
muitas imagens, uma delas é a porta
da fábrica onde meu avô trabalhou.
Ali me deu uma vez dez escudos para.
Risca. É um poema num café. Dele
faz parte uma mesa de café e um café.
Depois olho pela janela do café
e não está lá fábrica nenhuma,
não está lá porta nenhum, e também
sinceramente não tenho bem
a certeza de ser eu que estou aqui.
Mas o meu avô estava lá de certeza.

Helder Moura Pereira, Resumo: a Poesia em 2012, Assírio & Alvim, Lisboa Março de 2013 

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